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Glossário

Absorção de um neutrão – Interacção nuclear em que o neutrão incidente é incorporado no núcleo atómico (e desaparece, enquanto partícula livre).
Acelerador – Dispositivo que serve para comunicar uma energia cinética muito elevada a partículas carregadas, sob a acção de um campo electromagnético.
Acelerador Cockroft-Walton – Tipo de acelerador electrostático caracterizado por uma montagem de condensadores e rectificadores que multiplicam uma tensão de base fornecida por um transformador.
Acelerador electrostático – Acelerador que utiliza uma diferença de potencial contínua obtida por acumulação de cargas eléctricas num eléctrodo isolado.
Acelerador Van de Graaff – Tipo de acelerador electrostático no qual o transporte das cargas eléctricas é efectuado por meio de uma correia isoladora.
Activação – Produção de radionuclidos por irradiação. A produção de fontes radioactivas e a aplicação da técnica de análise por activação, em reactores nucleares de investigação, são exemplos de casos em que é provocada a activação de nuclidos estáveis por irradiação com neutrões.
Actividade (ou actividade absoluta) – Número de desintegrações nucleares que ocorrem, por unidade de tempo, numa fonte radioactiva contendo um único radionuclido. No caso de a fonte radioactiva ser constituída por uma mistura de radionuclidos, é preferível utilizar a expressão taxa de desintegração.
Água pesada – Dióxido de deutério. A água pesada é um excelente moderador.
Alfa (símbolo: α) – Que diz respeito a partículas alfa ou radiação alfa.
Alcance – Distância percorrida (em linha recta) por uma radiação ionizante no meio material onde se propaga e com o qual interage.
Este conceito aplica-se, em especial, a partículas carregadas. O alcance caracteriza a capacidade de penetração da radiação num dado meio.
Análise por activação – Método de análise química baseado na identificação e mediação das radiações características dos nuclidos formados por activação. Este método é muito sensível e não destrói a amostra a analisar.
Aniquilação – Processo em que se dá a combinação entre um electrão e um positrão – ou a combinação de antipartículas, em geral – de que resulta a transformação das partículas em radiação electromagnética (fotões). A aniquilação é o fenómeno inverso da produção de pares (ou materialização).
Antipartículas – Partículas em tudo idênticas, excepto no que se refere ao sinal da carga eléctrica e ao momento magnético, que são opostos. O electrão e o positrão são exemplos de antipartículas.
Antireactividade – Diminuição da reactividade de um reactor nuclear em resultado da introdução de um material absorvente de neutrões (por exemplo, uma barra de comando) no respectivo núcleo.
Atenuação – Redução da intensidade de um feixe de radiação, num dado ponto, por interposição de um meio material entre uma fonte de radiação e esse ponto.
Átomo – Menor porção de um elemento susceptível de entrar em combinações químicas, constituída por um núcleo rodeado por electrões distribuídos por uma ou mais órbitas ou camadas (cortejo electrónico).
Num átomo no estado neutro, o número de electrões é igual ao número de protões do núcleo. A adição ou a subtracção de um ou mais electrões transforma o átomo num ião negativo ou positivo, respectivamente.
Autoprotecção – Fenómeno em que as regiões internas de uma porção de matéria absorvente de neutrões são protegidas em consequência da absorção destas partículas nas regiões externas.
Bainha – Cobertura aplicada directamente sobre o combustível nuclear, a fim de: (1) reter os produtos radioactivos formados durante a irradiação do combustível; (2) garantir a sua protecção contra um meio quimicamente activo; e (3) proporcionar um elemento de estrutura.
Barra de comando (de um reactor nuclear) – Elemento de comando em forma de barra.
Tipos de barras de comando: barras de regulação, para ajuste da reactividade do reactor, e barras de segurança, para paragem de urgência do reactor.
Becquerel (símbolo: Bq) – Unidade SI de actividade. 1 Bq = 1 desintegração por segundo.
Berílio – Metal utilizado (assim como o seu óxido) como moderador e como reflector nos reactores nucleares.
Beta (símbolo: β) – Que diz respeito a partículas beta ou radiação beta.
Blindagem – Barreira interposta entre uma fonte de radiação e uma determinada área, com o objectivo de diminuir a intensidade da radiação que atinge essa área.
Termos e expressões equivalentes: protecção; barreira de protecção; escudo; e escudo biológico.
Boro – Elemento químico com o número atómico igual a 5, cujo isótopo com o número de massa igual a 10 tem uma secção eficaz de absorção de neutrões térmicos muito elevada. O boro é utilizado nas barras de comando dos reactores a neutrões térmicos, em blindagens de protecção contra neutrões e em instrumentos de detecção de neutrões.
Câmara de cisão – Câmara de ionização contendo um depósito de materiais cindíveis, na qual a ionização é causada principalmente pelos fragmentos de cisão produzidos pelos neutrões que ela permite detectar.
Câmara de ionização – Detector de radiação que utiliza um campo eléctrico para recolher nos eléctrodos as cargas associadas aos iões produzidos pela radiação ionizante.
Captura electrónica – Transformação nuclear de um radionuclido em que o núcleo do átomo captura um electrão do cortejo electrónico (da órbita mais interna, em geral). O electrão capturado combina-se com um protão do núcleo e dá lugar à formação de um neutrão. Em consequência da captura electrónica, o átomo emite radiação electromagnética, devido à transição de electrões para órbitas mais internas.
Captura radiativa (de um neutrão) – Processo de interacção pelo qual um neutrão é absorvido por um núcleo atómico, ao que se segue imediatamente a emissão de radiação gama.
Carga eléctrica elementar (símbolo: e) – Carga eléctrica mínima existente na Natureza. 1 e = 1,602x10-19 C (cf. coulomb).
Cindível – Qualifica um nuclido susceptível de sofrer uma cisão nuclear por absorção de um neutrão.
Circuito primário de refrigeração – Circuito em que circula um fluido de refrigeração utilizado para extrair energia de uma fonte de calor primária, tal como o núcleo de um reactor nuclear.
Circuito secundário de refrigeração – Circuito em que circula um fluido de refrigeração utilizado para extrair energia do circuito primário de refrigeração.
Cisão nuclear – Reacção nuclear provocada por neutrões de que resulta a divisão de um núcleo pesado (urânio-235, por exemplo) em dois núcleos, em geral, com massas relativamente próximas. A expressão cisão nuclear foi sugerida por um especialista em Biologia, domínio onde é conhecido o fenómeno de divisão do núcleo das células vivas. Cisão, fissão ou fragmentação nuclear são expressões equivalentes para designar o fenómeno de divisão ou partição dos núcleos atómicos. Na cisão nuclear, são produzidos neutrões e energia, além dos fragmentos de cisão. Nos reactores nucleares, os neutrões produzidos na cisão podem provocar novas cisões, dando lugar a uma reacção de cisão nuclear em cadeia.
Cisão (Energia de) – Energia libertada em resultado da cisão nuclear. No caso da cisão de um núcleo de urânio-235, a energia libertada é igual a 200 milhões de electrão-volt, aproximadamente; cerca de 85% desta energia manifesta-se sob a forma de energia cinética dos fragmentos de cisão.
Cisão (Fragmentos de) – Núcleos provenientes directamente da cisão nuclear.
A energia cinética dos fragmentos de cisão resulta da repulsão que se verifica entre os núcleos, por terem ambos carga eléctrica positiva.
Cisão (Neutrões de) – Neutrões produzidos em consequência da cisão nuclear.
Os neutrões podem ser produzidos imediatamente no decurso da cisão (neutrões instantâneos) ou emitidos diferidamente por núcleos excitados resultantes da cisão (neutrões retardados).
Cisão (Produtos de) – Nuclidos produzidos na cisão nuclear. Os produtos de cisão podem resultar quer directamente da cisão nuclear, quer da desintegração de fragmentos de cisão radioactivos.
Cobertura fértil (ou Camada fértil) – Matéria fértil situada em torno, ou no interior, do núcleo de um reactor nuclear, tendo em vista produzir matéria cindível por conversão ou regeneração.
Coeficiente de reactividade – Parâmetro que permite acompanhar as variações da reactividade de um reactor nuclear em função de uma dada grandeza. Exemplos: coeficiente de pressão, coeficiente de temperatura, coeficiente de potência.
Coeficiente de temperatura – Variação de reactividade de um reactor nuclear devida a uma mudança unitária da temperatura. A temperatura pode ser especificada num dado ponto do reactor ou para um constituinte qualquer.
Coluna térmica – Dispositivo de experimentação adjacente ao núcleo de um reactor nuclear e cheio de um moderador (em geral, grafite).
Comando de um reactor – Modificação intencional da taxa de cisões num reactor nuclear, ou ajuste da reactividade, com vista a garantir o estado de funcionamento desejado.
Combustão nuclear – Transformações nucleares provocadas pelo funcionamento de um reactor nuclear.
Combustão química (ou Combustão) – Reacção química acompanhada da libertação de energia e da produção de luz. Para haver combustão, é necessário um combustível (carvão ou gás, por exemplo), um comburente (oxigénio, por exemplo) e condições para que ocorra a ignição. A energia libertada na reacção de combustão C+O2 ->CO2 é aproximadamente igual a 4 eV.
Combustível nuclear – Matéria contendo nuclidos cindíveis que, colocada num reactor, permite que aí se desenvolva uma reacção de cisão nuclear em cadeia.
Comprimento de onda – Distância a que se propaga um movimento vibratório durante um período (do respectivo movimento). Por exemplo, quando a extremidade de uma corda muito comprida está animada de um movimento vibratório sinusoidal e rectilíneo, essa vibração estende-se aos demais pontos da corda, resultando daí um movimento ondulatório. Num “instantâneo” tirado às ondas assim formadas, o comprimento de onda (c.d.o.) é a distância entre dois pontos consecutivos da corda que se encontrem na mesma fase de vibração – por exemplo, a distância entre duas “cristas” consecutivas da onda. O c.d.o., λ, é dado por λ = vT ou λ = v/f, em que v, T e f designam, respectivamente, a velocidade de propagação, a frequência e o período da vibração.
Condução de um reactor – Conjunto de operações de comando e de controlo de um reactor nuclear.
Contaminação (radioactiva) – Presença indesejada de uma substância radioactiva num local, num material ou num organismo, onde pode ser prejudicial. No corpo humano, a contaminação pode ser externa (deposição da substância na pele) ou interna (deposição nos pulmões por inalação de um gás radioactivo, por exemplo).
Contentor de retenção – Edifício fechado cobrindo por completo um reactor nuclear (e, eventualmente, certos circuitos auxiliares contendo substâncias radioactivas) destinado a impedir – ou a limitar a uma quantidade admissível – a dispersão de substâncias radioactivas para além da zona controlada, mesmo em caso de acidente.
Controlo de um reactor – Conjunto das operações que têm por finalidade vigiar o funcionamento de um reactor nuclear e garantir a sua segurança através de acções de comando apropriadas.
Conversão – Transformação nuclear de uma substância fértil numa substância cindível diferente da que é consumida numa reacção de cisão nuclear em cadeia. Exemplo: transformação de urânio (urânio-238) em plutónio (plutónio-239) num reactor cujo combustível é à base de urânio (urânio-235).
Cortejo electrónico – Conjunto dos electrões periféricos de um átomo.
Coulomb (símbolo: C) – Unidade SI de carga eléctrica.
Criticidade – Estado de um meio ou de um sistema tornado crítico, isto é, no qual se desenvolve e auto-sustenta uma reacção de cisão nuclear em cadeia, em regime estacionário.
Crítico – Que satisfaz as condições necessárias para que um meio, onde se desenvolve uma reacção de cisão nuclear em cadeia, tenha um factor de multiplicação efectivo igual a 1.
Cuba (ou vaso, de um reactor nuclear) – Recipiente principal que contém em particular o núcleo do reactor.
Curie (símbolo: Ci) – Antiga unidade de actividade, mas que ainda é utilizada. 1 Ci = 3,7x1010 Bq (cf. becquerel).
Decaímento (radioactivo) – Decrescimento, ao longo do tempo, da actividade de uma fonte radioactiva contendo um radionuclido, ou uma mistura de radionuclidos, em consequência das desintegrações nucleares que ocorrem na fonte. Os termos decaímento e desintegração correspondem a conceitos diferentes: o termo decaímento diz respeito à globalidade das desintegrações que ocorrem na fonte radioactiva ao longo do tempo, ao passo que o termo desintegração diz respeito a um acontecimento individual (refere-se a um único núcleo), que ocorre num determinado instante.
Declíneo (radioactivo) – Termo equivalente a decaímento.
Descontaminação – Acção, ou resultado da acção, de eliminar ou reduzir uma contaminação radioactiva.
Densidade de neutrões – Número de neutrões livres por unidade de volume.
Desintegração – Termo equivalente a desintegração nuclear (salvo indicação em contrário).
Desintegração alfa – Transformação nuclear espontânea de um radionuclido em que é emitida uma partícula alfa.
Desintegração beta – Transformação nuclear espontânea de um radionuclido em que é emitida uma partícula beta negativa (desintegração β-) ou positiva (desintegração β+).
Desintegração nuclear – Modificação espontânea de um núcleo atómico radioactivo de que resulta a emissão de radiação (partícula e/ou radiação electromagnética). Pode tratar-se de desintegração alfa, desintegração beta, captura electrónica ou transição isomérica.
Desintegração radioactiva – Expressão equivalente a desintegração nuclear.
Detector de radiação – O sensor de um sistema de detecção, isto é, o componente do sistema que é sensível às radiações. Em geral, por acção da radiação no detector, ocorre a ionização de um dado meio material (um gás, se se tratar de um detector gasoso), a qual origina impulsos eléctricos que podem ser analisados e contados através de outros componentes do sistema de detecção. Há vários tipos de detector, consoante a natureza da radiação e a aplicação que se tem em vista. Exemplos de detectores: contadores Geiger-Müller, contadores proporcionais, câmaras de ionização, câmaras de cisão, detectores de cintilação e detectores semicondutores.
Deutério – Isótopo do hidrogénio com o número de massa 2. O núcleo do deutério é constituído por um protão e um neutrão.
Difracção de neutrões – Desvio sofrido por um feixe de neutrões que incide sobre um material (em geral, um cristal).
Difractómetro de neutrões – Espectrómetro de cristal utilizado em estudos de difracção de neutrões.
Difusão de neutrões – Fenómeno em que sucessivas dispersões tendem a provocar, num dado meio, a migração de neutrões de regiões onde a sua concentração é mais elevada para regiões onde ela é mais baixa.
Dispersão – Mudança de direcção e energia de um fotão ou de uma partícula em movimento, em consequência da sua interacção com outra partícula ou com o núcleo atómico. Pode tratar-se, por exemplo, do resultado da interacção de um fotão com um electrão ou da interacção de um neutrão com um núcleo atómico. A explicação destas interacções faz apelo ao conceito de força nuclear. A dispersão é acompanhada geralmente pela variação da energia cinética da partícula incidente, por transferência para a partícula com que interage. Note-se que, no caso particular da retrodispersão, a partícula dispersada mantém a direcção de propagação, mas muda de sentido.
Dose absorvida – Energia recebida, por unidade de massa, por uma substância exposta à acção de radiações ionizantes, num dado ponto.
Dosimetria – Determinação – quer por medição directa, que por medição indirecta e avaliação – da dose absorvida por uma substância ou um organismo vivo. Conjunto de técnicas que permitem efectuar esta determinação.
É corrente designar por dosimetria tudo o que diz respeito à medição de grandezas relativas a radiações (fluxos neutrónicos e gama; radio-actividades alfa, beta ou gama; etc.). Todavia, é o termo radiometria que deverá ser utilizado neste sentido.
Electrão – Partícula elementar, que tem uma carga eléctrica elementar negativa (1e) e cuja massa é igual a 0,000549 u (cf. unidade de massa atómica). Salvo indicação em contrário, por electrão entende-se a partícula constituinte do cortejo electrónico dos átomos.
Electrão-volt (símbolo: eV) – Unidade de energia utilizada em Física Atómica e Nuclear. O electrão-volt é igual à variação da energia cinética de um electrão em consequência de ter sido submetido a uma diferença de potencial eléctrico de 1 volt. 1 eV = 1,602  10-19 J.
Elemento (ou Elemento químico) – Substância constituída por átomos com o mesmo número atómico (exemplos comuns: hidrogénio, alumínio, ferro, ouro, urânio, etc.). Um elemento não pode ser decomposto, ou transformado noutro elemento, mediante processos de natureza química (reacções químicas).
Elemento de comando – Parte móvel de um reactor nuclear cuja acção tem influência sobre a reactividade e que é utilizada para o comando do reactor.
Elemento de combustível – O menor elemento estrutural do núcleo de um reactor nuclear cujo principal constituinte é um combustível nuclear.
Emissor (de radiação) – Termo praticamente equivalente a fonte radioactiva, em que é usual explicitar o tipo de radiação emitida.
Pode tratar-se de um emissor alfa se a fonte emitir partículas alfa, um emissor beta-gama se forem emitidas partículas beta e radiação gama, etc.
Energia atómica – Expressão utilizada, por vezes, para designar a energia nuclear.
Energia de ligação – (1) De uma partícula num sistema: energia necessária para extrair a partícula do sistema. (2) De um sistema: energia necessária para decompor o sistema nas partículas que o constituem.
Energia nuclear – Energia libertada em consequência de transformações de núcleos atómicos.
As transformações nucleares podem ser espontâneas, como nas desintegrações nucleares, ou provocadas, como nas reacções nucleares (cisão nuclear ou fusão nuclear, por exemplo).
Enriquecimento – Processo por meio do qual é aumentada a concentração de um determinado isótopo de um elemento químico natural. Por exemplo: por urânio enriquecido entende-se o urânio em que a concentração de urânio-235 é superior à abundância natural (0,720%).
Envenenamento – Diminuição do rendimento de um combustível nuclear em consequência da presença de venenos nucleares.
O envenenamento de um reactor nuclear ocorre gradualmente à medida que o xénon e o samário (produtos de cisão) se vão formando.
Escape de neutrões – Perda de neutrões de uma zona de um reactor (do núcleo do reactor, em especial) por evasão através dos limites dessa zona. Expressão equivalente: fuga de neutrões.
Escudo biológico – Cf. Blindagem.
Espectro (de radiação) – Em termos de representação gráfica, trata-se da relação entre a intensidade da radiação (partículas α ou β, radiação γ, ...) e a sua energia.
Espectrómetro de cristal – Espectrómetro de radiação utilizado para os raios X ou γ, ou para os neutrões de baixa energia, e baseado na respectiva difracção por um cristal.
Espectrómetro de neutrões – Dispositivo destinado a determinar o espectro das energias de um feixe de neutrões.
Excitação – Processo em que uma molécula, um átomo ou um núcleo ganha energia – por interacção com radiação electromagnética ou colisão de partículas – e passa a um estado diferente do estado fundamental (ou de energia mínima).
Pode tratar-se, por exemplo, de um processo de absorção de energia por parte de um electrão do cortejo electrónico de um átomo, na sequência do qual o electrão transita da órbita em que se encontra para uma órbita mais externa. Então, diz-se que o átomo fica excitado, ou num estado excitado. Um átomo excitado tende a passar espontaneamente para o estado fundamental, processo em que emite radiação electromagnética característica (raios X, por exemplo) devido à transição de electrões para órbitas mais internas. Analogamente, pode tratar-se da excitação de um núcleo atómico (processo envolvendo nucleões, em vez de electrões), com a subsequente desexcitação através da emissão de radiação gama (cf. transição isomérica).
Excesso de reactividade – Reactividade máxima de um reactor nuclear que pode ser atingida manobrando o respectivo sistema de comando (nomeadamente, extraindo completamente as barras de comando).
Experiência crítica – Conjunto de ensaios efectuados para determinar experimentalmente a massa crítica de um meio multiplicador de neutrões com uma composição e uma disposição geométrica previamente fixadas.
Exposição – Processo, acto ou condição de um organismo vivo ou de um material estar submetido a irradiação. No corpo humano, a exposição pode ser externa (irradiação por fontes situadas fora do corpo) ou interna (irradiação por fontes situadas dentro do corpo).
Factor de multiplicação – Razão entre o número total de neutrões produzidos num reactor nuclear num dado intervalo de tempo e o número total de neutrões perdidos, por absorção ou por escape, no mesmo intervalo de tempo. No caso teórico do núcleo de um reactor com dimensões muito elevadas (infinitas), este parâmetro designa-se por factor de multiplicação infinito (k); no caso real (núcleo com dimensões finitas), designa-se por factor de multiplicação efectivo (ke).
Fértil – Qualifica um nuclido susceptível de ser transformado directa ou indirectamente num nuclido cindível por captura de neutrões, ou uma substância contendo um ou mais destes nuclidos.
Fluido de refrigeração – Líquido ou gás que se faz circular através do núcleo de um reactor nuclear para evacuar a energia nele produzida. O fluido que atravessa o núcleo do reactor é o fluido de refrigeração primário, o qual, geralmente, é utilizado para aquecer, num permutador de calor, um fluido de refrigeração secundário, que não circula pelo núcleo.
Fluxo de neutrões – Quociente entre o número de neutrões que penetram, por unidade de tempo, através da superfície de uma pequena esfera centrada num dado ponto do espaço e a área do círculo máximo dessa esfera. Pode ser expresso igualmente pelo produto do número de neutrões por unidade de volume pela média do módulo da sua velocidade.
Fluxo (através de uma superfície) – (1) Para uma radiação electromagnética, potência ou energia que atravessa esta superfície por unidade de tempo. (2) Para um feixe de partículas, número de partículas que atravessam esta superfície por unidade de tempo.
Fonte de neutrões – Mistura de uma substância radioactiva com outra substância que emite neutrões por acção da radiação ionizante emitida pela primeira. Por exemplo, uma mistura de rádio e berílio ou de polónio e berílio.
Fonte de radiação ionizante – Aparelho ou substância que emite, ou pode emitir, radiação ionizante. Note-se que esta definição engloba instalações em que são produzidas radiações, como é o caso de instalações de irradiação (aparelhos de raios X, por exemplo) ou instalações nucleares (reactores nucleares, por exemplo).
Fonte radioactiva – Substância que se constitui em, ou pode ser utilizada como, fonte de radiação ionizante.
Fonte selada – Fonte radioactiva contida num invólucro que impede, em condições normais de utilização, a disseminação da substância radioactiva no ambiente.
Força nuclear – Força exercida entre nucleões e que garante a coesão do núcleo atómico. É uma força essencialmente atractiva e com um raio de acção muito curto, distinta das forças electrostática ou electromagnética.
Fotão – Quantum de radiação electromagnética. Um fotão é como que uma “partícula” transportadora de energia electromagnética.
Fragmentos de cisão – Cf. Cisão, Fragmentos de.
Fuga (de radiação) – Fuga de radiação através de uma blindagem, principalmente por orifícios ou fendas existentes na blindagem.
Fuga de neutrões – Cf. Escape de neutrões.
Função de transferência (de um reactor nuclear) – Expressão matemática que, para uma dada potência, fornece a resposta de um reactor nuclear a oscilações da respectiva reactividade (provocadas, por exemplo, pelo movimento de barras de comando). O conhecimento da função de transferência é importante para o estudo da estabilidade de funcionamento de um reactor nuclear.
Gama (símbolo: g) – Que diz respeito a raios gama ou radiação gama.
Gamagrafia – Técnica semelhante à radiografia, mas em que se utiliza radiação gama (em vez de raios X) para tirar partido do seu maior poder de penetração.
Gray (símbolo: Gy) – Unidade SI de dose absorvida. 1 Gy = 1 J/kg = 100 rad (cf. rad).
Intensidade (de um feixe de radiação) – Grandeza que caracteriza a quantidade de radiação que atinge, por unidade de tempo, um dado ponto ou região. Pode tratar-se, por exemplo, do número de fotões gama que atinge um detector de radiação por unidade de tempo.
Ião – Átomo ou molécula possuindo uma carga eléctrica total não nula. Pode tratar-se de um ião positivo ou negativo.
Iões (Par de) – Cf. Par de iões.
Ionização – Formação de iões pela adição ou subtracção de electrões a átomos, ou pelo fraccionamento de moléculas, por acção de radiações.
Ionização específica – Número de pares de iões criados pela acção de uma radiação por unidade de comprimento do meio material onde a radiação se propaga. Depende do tipo e da energia da radiação, assim como do meio material. Quanto mais elevada é a ionização específica, menos penetrante é a radiação, isto é, menor é o seu alcance.
Irídio-192 – Radioisótopo do irídio (elemento químico com o número atómico igual a 77), emissor beta e gama com um período de semi-desintegração igual a 19,7 horas. É utilizado em radiografia.
Irradiação – Incidência, provocada ou acidental, de radiações sobre um organismo vivo ou um material. A irradiação é o resultado de uma exposição a radiações.
Isóbaros – Nuclidos cujos núcleos têm o mesmo número de nucleões. Exemplos: oxigénio-16 (16O) e azoto-16 (16N); urânio-239 (239U), neptúnio-239 (239Np) e plutónio-239 (239Pu); etc.
Isómeros – Nuclidos que diferem entre si pelo estado ou conteúdo energético dos respectivos núcleos. A distinção resulta de um nuclido se encontrar no estado fundamental (estado de energia mínima) e o outro num estado excitado com um tempo de vida significativo, dito estado isomérico ou metaestável). Os núcleos que se encontram no estado excitado tendem a passar ao estado fundamental por transição isomérica, em que é emitida radiação gama. Exemplo: tecnécio-99m (99mTc) e tecnécio-99 (99Tc).
Isótopos – Nuclidos cujos núcleos têm o mesmo número de protões, mas diferente número de neutrões. Trata-se de variantes do mesmo elemento químico, que se distinguem pelo número de massa. Exemplo: oxigénio-16 (16O), oxigénio-17 (17O) e oxigénio-18 (18O), que são os isótopos naturais do oxigénio.
Joule – Unidade SI de energia.
Massa crítica – Valor mínimo da massa de uma matéria cindível que pode conduzir a uma situação de criticidade. É de salientar que a massa crítica depende não só da composição e quantidade da matéria cindível, mas também da sua disposição geométrica.
Materialização – Termo equivalente à expressão produção de pares.
Mecanismo de comando – Dispositivo utilizado para deslocar um elemento de comando durante as acções de comando e de controlo de um reactor nuclear.
Mecanismo de segurança – Mecanismo destinado a actuar ou a desencadear uma acção no sentido de diminuir rapidamente a reactividade de um reactor nuclear (graças, por exemplo, ao deslocamento de elementos de segurança).
Moderação – Diminuição da energia cinética dos neutrões em consequência de reacções de dispersão com núcleos atómicos de uma substância apropriada (contendo átomos leves).
Moderador – Substância utilizada nos reactores nucleares para reduzir a energia cinética dos neutrões, por meio de reacções de dispersão e sem captura apreciável. Exemplos de moderadores: água (1H2O), água pesada (2H2O) e grafite (C).
Monitor (de radiação) – Conjunto electrónico, compreendendo um ou vários detectores de radiação ionizante, destinado a medir uma grandeza com ela relacionada e a alertar, pela aparição de um sinal directamente perceptível (em geral, óptico ou acústico), para o facto dessa grandeza ter ultrapassado um valor predeterminado e regulável ou ter deixado de estar compreendido entre dois limites predeterminados e reguláveis.
Multiplicação de neutrões – Processo pelo qual um neutrão produz, em média, mais do que um neutrão num meio contendo uma substância cindível.
Neutrão – Partícula elementar electricamente neutra constituinte dos núcleos atómicos, cuja massa é igual a 1,008665 u (cf. unidade de massa atómica). Um neutrão livre tende a desintegrar-se espontaneamente num protão e num electrão. O correspondente período de semi-desintegração é cerca de 10 minutos.
Neutrões de cisão – Cf. Cisão, Neutrões de.
Neutrões instantâneos – Neutrões emitidos após a cisão nuclear sem um atraso mensurável.
Neutrões lentos – Neutrões cuja energia cinética é inferior a 1 electrão-volt (limite adoptado em física de reactores).
Neutrões rápidos – Neutrões com energia superior a 0,1 MeV (limite adoptado em física de reactores).
Neutrões térmicos – Neutrões que se encontram em equilíbrio térmico com o meio em que se encontram. Se a temperatura do meio for 20 ºC, a velocidade mais provável dos neutrões térmicos é 2200 m/s, a que corresponde a energia de 0,025 eV.
Nucleão – Termo utilizado para designar qualquer dos constituintes dos núcleos atómicos (protão ou neutrão).
Núcleo (atómico) – Parte central do átomo – constituída por protões e neutrões – com carga eléctrica positiva, que contém praticamente toda a massa do átomo e ocupa uma fracção muito pequena do seu volume. A matéria nuclear é extremamente densa: a massa volúmica do núcleo é da ordem de 100 milhões de toneladas por centímetro cúbico.
Núcleo (do reactor) – Região de um reactor nuclear em que pode ter lugar uma reacção de cisão nuclear em cadeia. A parte essencial do núcleo do reactor é o combustível nuclear.
Nuclido – Espécie atómica caracterizada pelo número atómico, pelo número de massa e pelo conteúdo energético do respectivo núcleo. Um nuclido pode ser representado simbolicamente por AZX ou AX, em que X é o símbolo do elemento químico, Z é o número atómico e A é o número de massa. Exemplo: 2713Al ou 27Al representam o alumínio, nuclido com número de massa igual a 27 (alumínio-27).
Número atómico – Número de protões de um núcleo atómico.
Número de massa – Número de nucleões de um núcleo atómico.
Par de iões – Partículas independentes com cargas eléctricas de sinal contrário – uma com carga positiva e a outra com carga negativa – que se formam por ionização de um átomo, ou de uma molécula, sob a acção de uma radiação. No caso da interacção de partículas carregadas com gases, a energia necessária para formar um par de iões (ião positivo-electrão) é cerca de 35 eV.
Paragem do reactor – Actuação sobre a reacção de cisão nuclear em cadeia para levar o reactor a um estado subcrítico (factor de multiplicação efectivo < 1). A actuação pode consistir na introdução de barras de comando no núcleo do reactor.
Paragem de urgência – Acção de paragem brusca de um reactor nuclear para evitar uma situação perigosa ou para limitar as suas consequências.
Partícula alfa – Partícula constituída por dois protões e dois neutrões emitida por um núcleo atómico radioactivo (cf. desintegração alfa). A constituição da partícula alfa é idêntica à do núcleo de hélio-4 (4He).
Partícula beta – Electrão com carga eléctrica negativa (β-) ou carga eléctrica positiva (β+) emitido por um núcleo atómico radioactivo (cf. desintegração beta). Ao electrão positivo (β+) dá-se o nome de positrão. As partículas (β-) e (β+) são idênticas, excepto no sinal da carga eléctrica (cf. antipartículas).
Partícula carregada – Partícula positiva ou negativa com carga eléctrica. Partícula alfa, protão, positrão ou electrão, por exemplo.
Partícula elementar – Partícula considerada actualmente como uma entidade simples não dissociável, por oposição às que são consideradas como conjuntos de partículas. Expressão equivalente: partícula fundamental.
Período de semi-desintegração – Intervalo de tempo ao fim do qual a actividade de uma fonte radioactiva simples (contendo um único radionuclido) diminui para metade, em consequência de desintegrações nucleares. Expressões equivalentes: período de semi-transformação; período radioactivo; período.
Polónio – Elemento químico com o número atómico igual a 84.
Positrão – Electrão positivo ou partícula β+ (cf. partícula beta).
Potência térmica (de um reactor) – Energia dissipada no núcleo de um reactor nuclear, por unidade de tempo, em resultado das cisões nucleares que nele ocorrem. Para a energia total concorre a energia dissipada quer instantaneamente (energia cinética dos fragmentos de cisão, por exemplo) quer diferidamente (radioactividade dos produtos de cisão).
Potência térmica utilizável (de um reactor) – Parte da potência térmica total que pode ser evacuada a uma temperatura tal que permite a sua utilização como fonte de energia. Na prática, trata-se da energia evacuada através do circuito primário de refrigeração.
Produção de pares – Processo de interacção de radiação gama com o campo eléctrico de um núcleo atómico do qual resulta a transformação da radiação num par de partículas, concretamente um electrão e um positrão. Este fenómeno só pode ocorrer com fotões cuja energia seja superior 1,02 MeV. À produção de pares também se dá o nome de materialização. A produção de pares é o fenómeno inverso da aniquilação (de partículas).
Produtos de cisão – Cf. Cisão, Produtos de.
Protão – Partícula elementar constituinte dos núcleos atómicos, que tem uma carga eléctrica elementar positiva (1e) e cuja massa é igual a 1,007277 u (cf. unidade de massa atómica).
Quantum – Quantidade unitária de energia postulada pela teoria quântica. O fotão é um quantum de radiação electromagnética. Segundo a teoria quântica, a radiação electromagnética é emitida ou absorvida por quanta (plural de quantum), cada um com energia E = hn, em que n representa a frequência da radiação e h designa a constante de Planck (h = 6,626x10-34 J s).
Rad (símbolo: rad) – Antiga unidade de dose absorvida. 1 rad = 0,01 Gy (cf. gray).
Radiação – Emissão e propagação de energia através do espaço, ou de um meio material, sob a forma de ondas electromagnéticas (luz visível, radiação gama, raios X, ...) ou de partículas (partículas alfa, partículas beta, neutrões, ...).
Radiação alfa – Radiação composta por partículas alfa. A radiação alfa é muito ionizante (a ionização específica no ar é da ordem de 30.000 pares de iões por centímetro), pelo que é pouco penetrante (o seu alcance, no ar, é cerca de 5 centímetros).
Radiação beta – Radiação composta por partículas beta.
Radiação electromagnética – Radiação associada a variações mais ou menos rápidas dos campos eléctrico e magnético no meio em que se propaga, e caracterizada pelo comprimento de onda. A radiação electromagnética pode ter energias compreendidas entre cerca de 10-10 e 1010 eV, e engloba, por ordem crescente de energia, as ondas hertzianas, os raios infravermelhos, a luz visível, os raios ultravioletas, os raios X, a radiação gama e os raios cósmicos.
Radiação gama – Radiação electromagnética emitida no decurso de um processo de transição nuclear ou de aniquilação.
Radiação gama de captura – Radiação gama emitida sem atraso mensurável após a captura radiativa de um neutrão.
Radiação ionizante – Radiação capaz de produzir iões, directa ou indirectamente, por interacção com a matéria onde se propaga. Pode tratar-se de radiação corpuscular (radiação alfa, radiação beta, protões, neutrões, etc.) ou radiação electromagnética (radiação gama, raios X).
Radiação X – Radiação electromagnética resultante da transição de electrões num átomo ou produzida por bombardeamento de um alvo metálico com electrões.
Radioactivação – Termo utilizado, por vezes, para designar activação.
Radioactividade – Propriedade que certos nuclidos têm de emitir espontaneamente radiações.
Radioactivo – Dotado de radioactividade.
Radioisótopo – O mesmo que isótopo radioactivo. Termo empregado, por vezes, para designar radionuclido.
Radiometria – Medição de grandezas relativas às radiações.
Radionuclido – O mesmo que nuclido radioactivo.
Radioprotecção – Termo utilizado correntemente para designar o ramo da física das radiações que diz respeito à protecção contra os efeitos das radiações ionizantes. Expressão equivalente: protecção radiológica.
Raios alfa – O mesmo que radiação alfa.
Raios beta – O mesmo que radiação beta.
Raios gama – O mesmo que radiação gama.
Raios X – O mesmo que radiação X.
Reacção nuclear – Processo de que resulta a modificação da estrutura ou do estado energético de um núcleo atómico. Há vários tipos de reacção nuclear, consoante os agentes envolvidos na transformação nuclear, isto é, as partículas incidentes e os núcleos-alvo.
Reacção nuclear em cadeia – Sucessão de reacções nucleares em que um dos reagentes é, ele próprio, produto de reacção. O exemplo mais importante é a reacção de cisão nuclear em cadeia: a cisão é provocada por neutrões e, na cisão, são produzidos neutrões – que, por sua vez, podem dar lugar a novas cisões... A reacção de cisão em cadeia e, portanto, o estado do reactor onde ela ocorre, podem ser classificados consoante o valor do factor de multiplicação efectivo: ke = 1 -> reacção estacionária (reactor crítico); ke < 1 -> reacção convergente (reactor subcrítico); ke > 1 -> reacção divergente (reactor supercrítico).
Reactividade – Parâmetro que traduz o desvio de um reactor nuclear em relação ao estado crítico. Designa-se por r e é dado pela relação r = (ke – 1)/ke, em que ke representa o factor de multiplicação efectivo. Note-se que a reactividade do sistema pode ser nula (r = 0, se ke = 1), assumir valores positivos (r > 0, se ke > 1) ou valores negativos (r < 0, se ke < 1). Cf. Reacção nuclear em cadeia.
Reactor nuclear (de cisão) – Dispositivo em que uma reacção auto-sustentada de cisão nuclear em cadeia pode ser mantida e controlada. Os produtos úteis resultantes do funcionamento de um reactor nuclear são, no essencial, de dois tipos: energia e neutrões. Nas centrais nucleares, aproveita-se a energia (o reactor constitui a fonte de calor); nos reactores nucleares de investigação, utilizam-se os neutrões.
Reactor nuclear a neutrões rápidos (ou reactor a neutrões rápidos) – Reactor em que as cisões nucleares são provocadas predominantemente por neutrões rápidos.
Reactor nuclear a neutrões térmicos (ou reactor a neutrões térmicos) – Reactor em que as cisões nucleares são provocadas predominantemente por neutrões térmicos.
Reactor nuclear conversor (ou Reactor conversor) – Reactor nuclear que, a partir de uma substância fértil, produz uma substância cindível diferente da que é consumida. Exemplo: reactor nuclear a urânio natural (ou a urânio enriquecido) que produz plutónio a partir de urânio-238. Quando a quantidade de substância cindível produzida é superior à que é consumida, o reactor diz-se superconversor.

Reactor nuclear de potência (ou Reactor de potência) – Reactor nuclear concebido principalmente para produzir energia.
Exemplos: reactores utilizados na propulsão naval e na produção de electricidade.
Reactor nuclear regenerador (ou Reactor regenerador) – Reactor nuclear que, a partir de uma substância fértil, produz uma substância cindível idêntica à que é consumida. Exemplo: reactor a plutónio que produz plutónio, a partir do urânio-238. Quando a quantidade de substância cindível produzida é superior à que é consumida, o reactor diz-se sobreregenerador.
Reflector – Material ou objecto que “reflecte”, por dispersão, uma radiação que nele incide. Em tecnologia dos reactores nucleares, este termo designa o material que se coloca à volta do núcleo do reactor para fazer regressar ao sistema alguns dos neutrões que tendem a escapar-se. Exemplos de reflectores de neutrões: água, água pesada, grafite e berílio. As propriedades dos reflectores são idênticas às dos moderadores.
Refrigerante – Cf. Fluido de refrigeração.
Regeneração – Transformação nuclear de uma substância fértil numa substância cindível idêntica à que é consumida numa reacção de cisão nuclear em cadeia. Exemplo: transformação de urânio (urânio-238) em plutónio (plutónio-239) num reactor cujo combustível é à base de plutónio (plutónio-239).
Rem (símbolo: rem) – Antiga unidade de dose equivalente. 1 rem = 0,01 Sv (cf. sievert).
Reprocessamento de combustível irradiado – Cf. Tratamento de combustível irradiado.
Resíduos radioactivos – Matérias radioactivas inutilizáveis resultantes do tratamento ou da manipulação de materiais radioactivos.
Por exemplo, do tratamento de combustível nuclear irradiado (num reactor nuclear onde foi usado) resultam resíduos radioactivos.
Ruído – Flutuação aleatória ou pseudo-aleatória do sinal emitido por um determinado sensor (detector de neutrões, termopar, sonda de pressão, acelerómetro, etc.).
Ruptura de bainha – Aparição, na bainha de um elemento de combustível nuclear, de um defeito através do qual podem escapar-se produtos de cisão. A expressão designa também o próprio defeito.
Samário – Elemento com o número atómico Z=62. O isótopo 149 do samário é um produto estável da desintegração de certos fragmentos de cisão. A sua secção eficaz de absorção de neutrões térmicos é muito elevada, sendo, por isso, o veneno nuclear mais importante depois do xénon nos reactores a neutrões térmicos.
Secção eficaz – Modo particular de exprimir a probabilidade de uma interacção de um determinado tipo entre uma radiação incidente e uma partícula ou sistema de partículas constituindo o alvo.
Sievert (símbolo: Sv) – Unidade SI de dose equivalente. 1 Sv = 1 J/kg.
Sistema de detecção (de radiações) – Dispositivo que permite revelar a presença de radiações e/ou efectuar determinações quantitativas com fontes radioactivas. O elemento básico de um sistema de detecção é o detector de radiações, ao qual estão associados outros componentes electrónicos: por exemplo, fonte de tensão, pre-amplificador, amplificador, relógio e contador de impulsos, por exemplo.
Subcrítico (Reactor) – Cf. Reacção nuclear em cadeia.
Supercrítico (Reactor) – Cf. Reacção nuclear em cadeia.
Tamanho crítico – Dimensões mínimas do núcleo de um reactor nuclear (com uma certa composição material e uma dada disposição geométrica) que permitem que ele se torne crítico.
Taxa de desintegração – Número de desintegrações nucleares que ocorrem, por unidade de tempo, numa fonte radioactiva contendo uma mistura de radionuclidos. Cf. Actividade absoluta.
Taxa de dose absorvida – Dose absorvida por unidade de tempo.
Tempo de geração (de neutrões num reactor nuclear) – Intervalo de tempo médio necessário para que os neutrões resultantes de uma cisão produzam outras cisões.
Transformação nuclear – Modificação natural ou artificial de um núcleo atómico. Pode tratar-se, em particular, de uma desintegração nuclear (modificação espontânea e natural) ou de uma reacção nuclear (modificação provocada, que pode ser natural ou artificial).
Transição – Passagem de um sistema de um dado estado energético para outro. Pode tratar-se de uma transição nuclear (cf. transição isomérica) ou da transição de electrões num átomo (passagem de um electrão para uma órbita mais interna, no que ocorre emissão de radiação electromagnética).
Transição isomérica – Transformação nuclear em que um núcleo num estado excitado passa ao estado fundamental com emissão de radiação gama.
Transporte (de neutrões) – Migração dos neutrões num meio. Pode ser estudado por analogia com os estudos clássicos sobre a difusão dos gases.
Transuranianos – Elementos químicos cujo número atómico é superior ao do urânio (Z=92). Os elementos transuranianos não existem na natureza e são produzidos artificialmente nos reactores nucleares ou aceleradores, por exemplo.
Tratamento de combustível irradiado – Tratamento do combustível nuclear, após ter sido utilizado num reactor nuclear, com vista a recuperar os materiais cindíveis ou férteis e a separá-los dos produtos de cisão. O termo tratamento é preferível a reprocessamento.
Unidade de massa atómica (símbolo: u) – Unidade de massa utilizada em Física Atómica e Nuclear. 1 u = 1,66010-27 kg.
Urânio – Elemento químico (número atómico: Z = 92) que existe na Natureza sob a forma de uma mistura de três isótopos: o urânio-238 (99,274%), o urânio-235 (0,720%) e o urânio-234 (0,006%). O urânio é a matéria-prima utilizada no aproveitamento da energia nuclear. O urânio-238 é um isótopo fértil e o urânio-235 é cindível. Os três isótopos do urânio são radioactivos, emissores de partículas alfa, com períodos de semi-desintegração muitíssimo elevados.
Urânio enriquecido – Urânio em que a percentagem de urânio-235 é superior a 0,720%, que é a abundância natural. O enriquecimento pode ir desde valores da ordem de 2 ou 3% (caso do combustível utilizado em certos tipos de centrais nucleares) até valores superiores a 90% (caso do combustível utilizado nalguns reactores nucleares de investigação).
Veneno nuclear – Substância que reduz a reactividade de um reactor nuclear pelo facto de a sua secção eficaz de absorção de neutrões ser elevada.
Xénon – Elemento com o número atómico Z=54. É um produto de cisão do urânio. A sua secção eficaz de absorção de neutrões térmicos é muito elevada, sendo o veneno nuclear mais importante nos reactores a neutrões térmicos.