1945-50
- Em Agosto, seis semanas
após a Assinatura da Carta das Nações Unidas, o mundo tomou conhecimento
oficial do bombardeamento de
Hiroshima
(Japão),
pela boca do presidente dos Estados Unidos da América.
Little Boy – uma bomba à base de urânio enriquecido no isótopo 235 –
libertou o equivalente a 10 000 toneladas de TNT e destruiu a cidade;
140.000 habitantes morreram até final do ano e outros 200 000 no período de
cinco anos após o bombardeamento (05AGO)
- Bombardeamento de Nagasaki (Japão), que causou a morte a 70 000
habitantes até ao final do ano e de outros 78 000 nos anos seguintes (09AGO)
- Segundo o testemunho de Francisco de
Paula Leite Pinto, a enigmática expressão
"bomba atómica", que figurava
num telegrama enviado pelas autoridades americanas ao Governo português
— em que se anunciava o bombardeamento de
Hiroshima —, deu origem a que José Caeiro
da Mata, ministro da Educação, procurasse inquirir o seu significado
junto de investigadores portugueses. Para o efeito, mandou comparecer no seu
gabinete, o mencionado docente universitário que, na altura, desempenhava as
funções de vogal da Direcção do Instituto para a Alta Cultura (07AGO)
- Publicação do Relatório Smyth intitulado "Energia Atómica para Fins
Militares"
(12AGO)
- Capitulação do Japão, ditando o fim da
II Guerra Mundial
(1939-1945) (14AGO)
- Reunião dos directores dos laboratórios do
Instituto para a Alta Cultura situados em Lisboa, Coimbra e Porto,
para debaterem o conteúdo do Relatório Smyth (10OUT)
- Entrada em vigor nos EUA da "Lei da
Energia Atómica" ou Lei McMahon (AGO)
- José Frederico Ulrich é nomeado ministro das
Obras Públicas e Comunicações (04FEV)
- Início da exploração de minas de urânio por Portugal, designadamente, em Tete, Moçambique (JUN)
- Início da negociação das condições de exportação de concentrados de
óxidos de urânio de Portugal para o Reino Unido (JUN)
- Proposta do Instituto para a Alta Cultura de criação de uma comissão de
físicos e geólogos para estudar o aproveitamento do urânio e fazer uma
estimativa dos recursos uraníferos portugueses ou sob controlo das
autoridades portuguesas, na altura. "Uma certa posição
internacional" inibe o Ministério da Educação Nacional de criar a referida
comissão
- Manifestação do interesse do Governo dos EUA em entrar em negociações
com fornecedores portugueses de urânio, com vista à aquisição desta matéria
prima (AGO)
- Aquisição da totalidade do capital da Companhia Portuguesa de Radium, Lda.
pelos respectivos sócios ingleses
- Assinatura do acordo luso-britânico sobre
exportação de concentrados de
urânio pela mencionada empresa (11JUL)
-
Despacho do presidente do Conselho,
António de Oliveira Salazar, definindo orientações em matéria de exportação de
recursos uraníferos. Nele se sublinhava, em particular, que "se o urânio vier a
ter aplicação à vida pacífica dos homens, ter-se-à guardado uma grande riqueza
para o futuro" (23JUN)
-
Publicação do Decreto n.º 37 986 que proíbe registos e manifestos de minérios de
urânio em todo o território
nacional (27SET)
- Apresentação, pelo
Ministério da Educação Nacional (MEN), de uma proposta de inscrição, no Orçamento Geral do
Estado (OGE), de uma verba para o financiamento de estudos relacionados com
o aproveitamento da energia nuclear, a qual não merece a concordância do
ministro das Finanças,
Artur Águedo de Oliveira (NOV)